15 de fevereiro de 2007

Ó vadio - Fado na Tasca do Chico

São mais ou menos conhecidas as origens do fado. Na sua origem estarão as modinhas e o lundum, expressões musicais resultantes do choque cultural entre europeus e africanos no Brasil português. Esses novos ritmos vindos de além-mar rapidamente se introduziram em Portugal combinado-se com a música tradicional portuguesa e originando assim, o Fado.
Foi entre a "arraia miúda" que o Fado se desenvolveu. Ramalho Ortigão, em "As Farpas" apelida os fadistas de "criminosos tolerados".
Já em pleno Estado Novo pode-se dizer que havia dois tipos de fado: o fado aristocrata, profissional, cantado em espaços fechados e onde era facilmente controlado pela polícia; e o fado "vadio", cantado em tabernas e casas de alterne nos escuros bairros lisboetas como a Mouraria ou o Bairro Alto.
É esse fado chamado vadio que é praticado na "Tasca do Chico", uma taberna no Bairro Alto onde esse espírito continua a ser reavivado todas as segundas e quartas-feiras. Ali, quem quer cantar.. que avance. Sem dinheiros nem cachet mas seguramente com a consolação e o desabafo do Fado.
Ora, sendo uma "tasca" e outra "adega", mas ambas "do chico", eis aqui um bom pretexto para postar sobre o fado. E lembremo-nos, a "Adega do Chico" também já teve o seu fadista: o Manecas. Houvesse por lá mais e quem sabe, se também não haveria fado ao desafio para acompanhar um bom copo de vinho.

♪ ♪ ♪

Bifanas, sandes, presunto
que se come e gosta tanto
e não se pára de beber

♪ ♪ ♪

4 comentários:

naki disse...

Não conhecia esse fado vadio, mas pareceu-me mais informal e mais engraçado, principalmente esse excerto! Vamos lá um dia pessoal?

Pedro_S disse...

Desconheço a Tasca do Chico, mas gostava de conhecer... tenho de ir aí um dia, ou melhor, uma noite!
Para animar, deixo aqui uma letra de um fado vadio cantado pelo saudoso fadista "Rouxinol Faduncho":

Dona Maroca

Este fim-de-semana em minha casa
Vou vos convidar para fazer um barbecue
Eu dou a barba, e um de vocês dá o resto
Ah
Havia de ser uma barrigada
É pá
Eu rio-me muitas vezes sozinho
Sou o badaró, o badaró do fado
Olha tragam um gato
Essa é que era

Dª Maroca seu gato deu
Vinte cinco pirocadas na bunda do meu
Dª Maroca seu gato deu
Vinte cinco pirocadas na bunda do meu

Se ele deu fez ele muito bem
Que a piroca do gato não mata ninguém
Não mata, mas machuca
É tã gato filho da truta
Não mata mas machuca
É tã gato filho da truta

Ainda por cima o gato é persa
Se te apanho faço um tapete
Um tapete e dois napprons
Raios partam o gato

Dª Maroca seu gato deu
Vinte cinco pirocadas na bunda do meu
Dª Maroca seu gato deu
Vinte cinco pirocadas na bunda do meu

Já nem conseugue andar
Meu pobre gato coitadinho
Agora quando ele mia
Mia de saudade, mia mais fininho

Sss sss sss sss sss sss sss
Anda cá bichano
Anda cá que levas um pontapé que vais ver

Dª Maroca seu gato deu
Vinte cinco pirocadas na bunda do meu
Dª Maroca seu gato deu
Vinte cinco pirocadas na bunda do meu

Se eu pego o seu bichano
Eu pico para fazer salsicha
Mas isso é muito desumano
Não tenho culpa se o seu gato é bicha

É bicha, e orina-me os cortinados todos
Foi a minha sogra que fez
De linho, lá do norte
Bola de pêlo pá

Dª Maroca seu gato deu
Vinte cinco pirocadas na bunda do meu
Dª Maroca seu gato deu
...
...
Vinte cinco pirocadas na bunda do meu
Dª Maroca seu gato deu
...
Dª Maroca..., .. vinte cinco.. na bunda do meu
...
Vinte cinco pirocadas na bunda do meu

Ou foram vinte seis?

Não, vinte não, vinte seis foram para aí vinte sete

Não, isso não, foi na cozinha
Foi no micro-ondas, falta a marquise
Vinte oito
Não, esperem aí, o gato, não pode ser
Que o gato está todo destroçado
Foram vinte nove no mínimo

Trinta não se fala mais nisso
Ah

Guga disse...

falando no nosso fadista de plantão, o Manecas, ele anda pelas suas andanças holandesas, mas da ultima vez que esteve entre nós um pequeno problema de garganta o impediu de demostrar a sua arte... esperamos que na proxima ele volte melhor...

Anónimo disse...

se não forem ã bodega dessa tasca não perdem nada isto é se gostam de fado mas cada qual é que sabe da sua eu jamé