O Entrudo, como eu lhe prefiro chamar em vez de Carnaval, por me soar “mais português” e fazer lembrar as velhas tradições do nosso país, é um período de festas regidas pelo ano lunar que tem suas origens na Antiguidade e recuperadas pelo cristianismo, que começava no dia de Reis (Epifania) e acabava na Quarta-feira de cinzas, nas vésperas da Quaresma. Estes festejos simbolizavam o "adeus à carne" ou "carne nada vale" dando origem ao termo "Carnaval".
Cada local tem os seus próprios costumes, em Portugal a tradição mantêm-se em Podence, Ovar, Loulé, Sesimbra, Rio Maior, Torres Vedras e Sines, destacando-se o de Torres Vedras, Carnaval de Torres, por possuir o Entrudo mais antigo e dito o mais português de Portugal, que se mantém popular e fiel à tradição rejeitando o samba e outros estrangeirismos... Juntamente com o Entrudo de Canas de Senhorim com perto de 400 anos e tradições únicas como os Pizões, as Paneladas, Queima do Entrudo, Despique e muitas outras...
O Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX. As cidades de Paris e Veneza serão os grandes modelos exportadores da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro inspiraram-se no Carnaval francês para implantar as suas novas festas carnavalescas.
1 comentário:
Pois, a mim, pessoalmente, o modelo actual de Carnaval, baseado no desfile e no samba, diz-me pouco. Atenção, não quer dizer que não tenha valor. É incrível o espiríto de folia que o Carnaval brasileiro transmite. E o Carnaval de Veneza transmite uma carga de glamour, mistério e até erotismo fascinante. Mas tenho pena que em Portugal se tente copiar um Carnaval idêntico desaproveitando o "Entrudo". E o "entrudo" possui um valor sociológico e cultural muito interessante e muito rico. Por detrás desses ritos e tradições está todo um passado ancestral que urge preservar para que nos possamos entender como nação.
Em Ourém, infelizmente, destes ritos que, acredito, também os houve em tempos, já se perdeu tudo. Ou quase tudo. Sei que ainda há em algumas aldeias o costume de a malta nova se juntar na noite de Carnaval, e, mascarando-se o mais possível com trapos velhos e caraças, armados com um varapau (para impor respeito) e, eventualmete, empurrados pela pinga, percorrem as ruas das aldeias acordando os moradores batendo nas portas e nas janelas, emitindo grunhidos, pregando partidas, tudo sem se que, por um momento que seja, se saiba quem é o "entrudo".
E aqui para nós, eu, que em miúdo cheguei a ter alguns encontros com estas "criaturas", mesmo sabendo que se tratavam de pessoas mascaradas, a verdade verdadinha é que algumas vezes apressava o passo e ia enfiar-me em casa. Lá diz o ditado... quem tem cu... tem medo!
Zeca Afonso : Entrudo
Letra e música: popular: Beira-Baixa
In: "traz outro amigo também" 1970
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Ó entrudo Ó entrudo
Ó entrudo chocalheiro
Que não deixas assentar
as mocinhas ao solheiro
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