2 de abril de 2007

Viagem ao sul de Espanha

Sempre tinha tido curiosidade por conhecer o sul de Espanha. Pois bem, assim que surgiu a oportunidade, não hesitei. Estive uns dias em Islantilla (mesmo junto à fronteira portuguesa, muito perto de Vila Real de Santo António) e, a partir daí, fiz umas incursões Andaluzia dentro com passagens por Huelva, Sevilha e pela Serra de Aracena. Aqui ficam algumas impressões:




Para estas coisas é sempre importante um mapa



Islantilla

Islantilla mais não é que um aglomerado habitacional única e exclusivamente dedicado ao turismo. E um exemplo do "boom" turistíco das últimas décadas em Espanha, fundamentalmente no Sul. Culturalmente ou históricamente é um vazio completo embora possua tudo aquilo que verdadeiramente atrai milhares de turistas a esta região (e ao Algarve!). A saber:

- Sol e Calor (eu apanhei pouco, o que é natural, fui em Março)
- Praia (as praias nestas zonas são óptimas, devido sobretudo às águas calmas e quentes)
- Golfe (o novo "maná" dos países do Sul. Aliás, e como exemplo, o Algarve (ou será Allgarve?) procura atingir neste momento o título de capital mundial do golfe)

Huelva

Huelva é a segunda cidade mais importante da província da Andaluzia. Fica situada nas margens do rio Odiel, bem perto da costa atlântica. Fundado pelos fenícios e posteriormente ocupada pelos romanos, Huelva atinge o seu pico de desenvolvimento e importância por altura do comércio das Américas. Contudo, o terramoto de 1755 que quase fez Lisboa desaparecer, também arrasou Huelva de tal forma que esta cidade rapidamente perdeu importância e riqueza para Sevilha. Hoje em dia é uma cidade de serviços e alguma indústria nos arredores, devendo destacar-se o Cais do Odiel, ao qual seguramente, estarão ligadas muitas das empresas da região.
Contudo, o que colocou Huelva no mapa da história mundial é um pequeno porto, do outro lado do estuário do Odiel chamado Palos de La Frontera. Foi daí que partiu Cristóvão Colombo para a descoberta do continente americano, descoberta essa que alterou irremediavelmente a história da Europa e do mundo.
Pessoalmente achei a cidade um pouco feia (a entrada na cidade até assusta!) e pouco interessante. Mas foi só de passagem. E estas primeiras impressões valem o que valem.

Sevilha

História de Sevilha

A história de Sevilha é a história natural de todas ou quase todas as cidades da Península Ibérica, incluindo as cidades portuguesas: Origens neolíticas, e depois o curso natural da história com as sucessivas passagens de Iberos, Fenícios, Gregos, Cartagineses, Romanos e, finalmente Árabes antes de a região ser tomada pela reconquista Castelhana. Com a época das descobertas, Sevilha cresce em importância e riqueza fazendo desta época um período ímpar para a história da cidade. Foi aqui que chegou Cristóvao Colombo com a notícia da descoberta do Novo Mundo, e foi também desta cidade que partiu Fernão de Magalhães para a primeira circum-navegação da história.
Durante a Guerra Civil espanhola Sevilha colocou-se do lado da Frente Popular mas acabou por cair para as tropas de Franco em 1936 que chegou mesmo a fazer desta cidade o seu quartel-general.
Com a queda de Franco, a implementação da democracia e a adesão de Espanha á UE, toda a Espanha e mais ainda a região da Andaluzia (uma das regiões mais pobres) se lançaram desenfreadamente numa luta pelo desenvolvimento e pelo recuperar do tempo perdido. Prova disso mesmo é o facto de a organização da Exposição Mundial de 1992 ter sido atribuída a Sevilha.
Actualmente Sevilha é a capital da Andaluzia e uma cidade que, vai, a pouco e pouco, reconquistando o seu nome e importância. Prova disso é o enorme fluxo de turistas que recebe anualmente e que fazem dela um dos mais característicos destinos de toda a Espanha.

Locais visitados

Sevilha é uma cidade grande. Daí que, mesmo com BUS turístico e umas valentes caminhadas a pé (á procura de almoço, com o estômago a roncar!!) muito ficou por ver. Nem na catedral entrei! Mas adiante, aqui fica o que deu para visitar e algumas impressões:

- Torre del Oro (apenas por fora)
Trata-se de uma torre pertencente ao primitivo sistema de defesa da cidade. Ocupa um lugar proeminente na avenida principal da cidade e promete um bela vista sobre o Guadalquivir do seu cimo. Conselho: Cuidado com as ciganas que querem ler a sina!





- Praça de Espanha
Apesar de relativamente recente (construída em 1929 por altura da Exposição Ibero-Americana) trata-se porventura do mais espectacular monumento de Sevilha. É um edifício cor-de-tijolo com arcadas em semicírculo que "abraçam" uma praça relativamente grande. Cada arcada está reservada para uma das 50 províncias espanholas contendo ainda um quadro de azulejos representativos de um episódio ocorrido nessa região marcante para a história de Espanha.
São evidentes os conceitos afectos á construção deste monumento. Os nacionalismos primários rompiam um pouco por toda a Europa (em 1936 Franco assumiu-se como Caudilho). Mesmo assim, a solenidade e imponência não deixaram de me impressionar.






A imponência da Praça de Espanha


- Catedral

Tal como referi anteriormente, não a visitei por dentro. Mesmo já tendo pago a visita guiada! Enganado, foi o que foi, com os horários das visitas. Enfim...


Mas deu para ver por fora. E já não é ver pouco porque é enorme! Trata-se da terceira maior igreja do mundo. Em termos artísticos trata-se de belo exemplar da arquitectura gótica, logo, tem semelhanças com o nosso Mosteiro da Batalha. Mas tb tem uns traços barrocos, fruto de alguns acrescentos tardios.



Arte exposta na fachada lateral da catedral de sevilha



- La maestranza (Plaza de toros)

Tb não a visitei por dentro. E por fora não tem nada de especial. Mas ir a Sevilha e não fazer uma referência a touros e touradas... é pior que ir a Roma e não ver o Papa. Pessoalmente, não gosto de touradas e até tenho muitas reservas sobre este conceito de espectáculo. Mas, a ir ver uma, então seria em Sevilha já que porventura em nenhum lugar do mundo será tão vivida e celebrada a "fiesta brava"!



Ir a Sevilha e não ver um touro....


- Barrio de Santa Cruz

Antigo bairro judeu, hoje em dia é uma espécie de baixa de Sevilha. É composto por toda uma série de ruas estreias, algumas bem pitorescas onde predomina o comércio de recordações e bares. Será a zona mais romântica de Sevilha e tb aquela onde se estará mais próximo de sentir "o que é ser sevilhano".



O pitoresco Bairro de Santa Cruz


- Triana

O bairro de Tiana funciona como "a outra banda", o que não deixou de interessar a quem, como eu, vive tb "do outro lado" do rio. Trata-se de um bairro muito antigo, ligado desde sempre á cerâmica e onde, dizem-nos, estão as raízes do flamenco já aqui sempre habitou uma forte comunidade cigana.
Um conselho: Em Triana (e em toda a Sevilha) abundam laranjeiras. Carregadas de laranjas! É verdade, á mão de semear. E apanhem-nas... caso precisem de... limões!!



- La Cartuja

Tb do outro lado, foi neste local que se realizou a Expo'92. Ora, eu já sabia que esta exposição tinha ficado marcada por um total desaproveitamento do espaço após a exposição. Mas nunca pensei que fosse tanto! Digo-vos, que desperdício!Aquilo foi completamente deixado ao abandono e ao vandalismo. O resultado não deixa de ser engraçado já que no mesmo espaço coabitam o caos, a lixeira e ferro-velho com estruturas ultra-modernas.




Sierra de Aracena


A Sierra de Aracena é um cordilheira no Norte da província de Huelva, povoada de carvalhos e sobreiros e, segundo o guia, um dos cantos mais remotos e desconhecidos da Andaluzia. E foi com o intuito de encontrar essa Espanha profunda que resolvemos metermo-nos a caminho. E valeu a pena. É diferente e, afinal de contas, para conhecer uma região tem de se visitar mais do que praias e grandes cidades.


Primeiro destino, Jabugo. Ora, Jabugo mais não é do que uma pequena aldeia conhecida pelo presunto. O "melhor de toda a Espanha" asseguram os guias. O problema é que Jabugo só tem isso mesmo: lojas de presuntos! E vá lá, um restaurantezinho onde deu para comer bem e relativamente barato.


E depois de Jabugo, Aracena, a vila que dá o nome á serra. Aqui, álem de um belo castelo, de lojas de souvenirs e... presuntos e de um museu de... adivinharam presunto(!!!) (por sinal moderno e instrutivo), existem tb umas grutas, ditas "das maravilhas". Pois bem fui lá ver. E não é que são mesmo maravilhosas!! A sério, quem gosta de grutas e acha que as Grutas da Moeda ou de Mira D'Aire são um espectáculo então... terá de ver estas! Por 1,2 Km e com o castelo literalmente por cima das nossas cabeças, vamos contemplando as estranhas e fantásticas formas que se formam sob a acção da erosão, da água (sobretudo desta) e do tempo (muito, muito tempo!) enquanto aos nossos pés surgem belos lagos interiores (iluminados artificialmente é claro).



E já chega, estão fartos de me ouvir. Peço desculpa por o post ser tão grande!! Pago uma mini para compensar a seca!




Vai um copito?

Ela tb gosta!



1 comentário:

Pedro_S disse...

Buenas!!
Acho que escolheram muito bem o roteiro, a provincia da Andaluzia é uma região turística excelente! E que tal Sevilha? Tou a ver que gostaram, e eu também quando lá estive e fiquei a pernoitar precisamente no "Barrio de Santa Cruz" o bairro judeu. As laranjas de Triana essas não as provei, é preciso coragem para as comer!
Fiquei curioso em conhecer a Serra de Aracena, a aldeia do "Jamon" e as grutas "das maravilhas"... talvez um dia me perca por lá...
Fiquem bem