17 de abril de 2007

Amarcord

Aqui fica uma sugestão cinematográfica: "Amarcord" de Federico Fellini.
Federico Fellini foi uma dos mais reconhecidos e aclamados cineastas italianos e europeus de todos os tempos. Entre os títulos mais importantes da sua carreira encontram-se obras como "Oito e meio, " La dolce vita", "Roma" ou este "Amarcord", nome estranho que significa "recordo-me" em dialecto romano. E é de recordações que este filme trata. Das recordações do próprio Fellini sobre a adolescência vivida na sua aldeia Natal (Rimini). Uma aldeia pequenina e sem importância igual a tantas outras mas que é um mundo para quem nela habita e sobre a qual, o cineasta lançou um olhar que tem tanto de pitoresco e retratístico como de melancólico e até poético.
Ora a memória agarra-se sobretudo a elementos concretos e muitas vezes quase insignificantes e depois ordena-os segundo critérios muito próprios nos quais a imaginação tem um papel fundamental. São assim as recordações de todos nós e são assim também as recordações de Fellini. A festa pela chegada da Primavera, as corridas de automóveis, os "doidos" da aldeia, o desfilar dos vários professores da infância, a passagem de um transantlântico... todas estas memórias de alguma forma marcaram a adolescência do autor e são estas que nos são apresentadas. E como é de memórias de adolescência que falamos, Fellini não se coíbe de nos apresentar o olhar lânguido e sensual do grupo de rapazes da aldeia que abrange tudo desde a "fácil" Volpina até à "estonteante" Gradissa passando pelos "avantajados" atributos da tabaqueira local.
Essa viagem mnésica é-nos apresentado numa sequência de cenas lógicas mas cuja continuidade se vai perdendo com o desenrolar do filme. Ou seja, tal qual como funciona a nossa própria memória. Talvez tal facto não tenha contribuído muito para a "popularização" do filme. O que mesmo assim não o impediu de ganhar o óscar de melhor filme estrangeiro no ano da sua estreia (1973).
Apesar de recorrente e porventura desproporcionada, a comparação com as obras de Emir Kusturica parece-me correcta. Pelo menos há nas obras de ambos traços semelhantes: um humor muito pessoal longe do humor "standard" das comédias de massas ou um olhar muito irónico mas solidário sobre as terras e as gentes que as habitam são alguns deles.


Cartaz do filme

Fellini: Um criador/sonhador

2 comentários:

naki disse...

Esse filme é muito passado. Tem cenas muito engraçadas, descabidas mas a história... não me impressionou nada.

Pedro_S disse...

Credo che sia un buon film senza dubbio. Penso che abbia visto quel film...
Fellini può essere direttore più grande dell'Italia nella storia!